quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Nessa noite... Não!

Nem que viesses de rastos, Maria
os cabelos esparsos no meu peito
e os bicos das rosas de seios
contra os meus lábios duros...
nessa noite, não!

Nessa noite
eu e tu, Maria
só com os dedos bem crispados
nas cavilhas em metamorfoses dos tactos
em arco-íris de espasmos num petróleo de gritos
e a carne minha e tua sentindo na vigília
o frémito dos cinturões, Maria.

E as horas soando
no tenso latejar atormentado das veias
apenas o nosso amor apenas como um íman
crescendo nas ruas da cidade
crescendo
crescendo
para cerrar os dentes, Maria
e lutar!


Este é o primeiro poema de Karingana ua Karingana onde Craveirinha refere-se a sua esposa, Maria. Mais tarde, após a sua morte, o poeta publicaria um livro inteiro somente de poemas dedicados a ela, intitulado Maria.

Aparece aqui o tema da luta pela liberdade. A força do amor que existe entre o casal é canalizada para um amor maior, o amor à terra, à pátria. Maria sempre foi boa companheira, engajada na luta e nas idéias de Craveirinha.

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