sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Hossanas ao Hôssi Jesus


Menino Hôssi:
Amamos em família a Paz
connosco desde o Verbo doutrinário
que Te emancipou na Cruz.
E do Teu nascimento
renovado ao calvário do Mundo
Ave-Mamana
sentimos os centuriões tingir
os seus extensos gládios
outra vez no panfletário
helicóptero das Tuas parábolas
Ámen!

Hôssi:
Coitados ainda ajoelhamos
algures de corpo inteiro no cimento
desmontados de repente
no vácuo flutuamos incógnitos
no miasma pagão do catecismo nuclear
pele de poentes num céu de bombas
e uma atrasada Galileia sem mambas
tóxicas de gás
oxalá!

Hôssi:
Nascemos já envelhecidos
razões nenhumas de Quissimusse
e inguavanas Madalenas arrependidas de nós
no dia Gólgota munhuanizado nas cantinas
Jerusalém banto exterior à igreja
sem fé nos estábulos Pânzer
e nos salmos recauchutantes
contra-fomes e auto-estradas
dai-nos o milho da mesma ceia
o barro o zinco e as estacas da mesma casa
e o perdão dos fariseus inocentes
emite-nos pela rádio-patrulha
renascido Messias no curso
de carpinteiro.

E preces
sementes deste Sol das coisas
ao Xipamanine sabes ali onde param os carros
bíblico Xicuembo um dos nossos não tenhas medo
Ave-Maria mamana do Redentor traído
dar de comer a quem tem mais comida
um livro ou um prato um prato ou um livro?
colher amendoim para quê ou fazer cana-de-açúcar
é doce então amar capataz mais do que a nós
dar de beber água a quem tem o champanhe todo
não mandar ninguém plantar algodão isso não
e despir ainda mais os nus que bom
na vilegiatura das praias no Inverno
nas gamboas das marés impropícias.

Jesus Hôssi:
Meninos-bonitos dormem
e nos berços vão sonecando
enquanto fazem os sonhos caber… senão!
no sapato da chaminé consta nunca vimos
na certeza de brinquedos eléctricos
que o paizinho por conta de Jesus
comprou no John Orr’s.

E quando uma aleluia
é três-ma-zona de machimbombo 7
do nosso Quissimusse ao Natal
o automóvel veloz a cordel
escudo a escudo até chegar ao chão
é hossana do carrilho de linhas
com chofer de Boas-Festas na areia
e nossos filhos ajudantes de mecânico de si mesmos
si mesmo com o brrrrrr!!!! dos motores de lábios
os tiros de escapes da boca que até cheiram óleo
de fome e os guiadores guinando o arame
na redenção da vitrina longínqua de prendas
meninos e meninas cá de fora a manobrar
os tais xitimela que já não fazem fumo
sacam os revólveres de plástico rápidos
e embalam as loiras de quinhentos e tal escudos
que fingem ó-ó e com voz de falsete
chamam «Mamã!... Mamã!» em português mesmo?

Meu Hôssi carpinteiro
hoje técnicos samaritanos crismam
de radioactividade as pombas e as crianças
e o céu já é dos astronautas também
e na síntese de neo-mandamentos
rezamos a deuses século vinte
o nosso xicombelo:
- Senhores centuriões do ar
ou patrões tanto faz
fazei chegar às cidades
mais supersónico o míssil
e dai-nos a vossa bênção
instantânea paranóica
ultra dos átomos
Ámen!

E humildade ao excesso
a claque do clube Jesus Cristo
lateja no circuito fechado
arena de todo o Mundo
Ámen outra vez!
E Jesus deste Quissimusse
perdoa-nos a ciência imprescindível
do brinde a uísque e ginger-ale traz a garrafa rapaz
ou só com água e gelo quantas pedras chega?
um Natal feliz de gambiarras tem que ser um pinheiro
nozes, amêndoas e figos dá ao moleque um pão
espuma de vinho espirituoso este é do bom
sujando a gravata desculpe foi sem querer
e o telefonema a avisar sem falta
que o namoro começa na missa do galo
Hip! Hip!
Hurra!

(José Craveirinha)

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