Em quantas partes se divide um grito
em quantos corações se parte uma terra
em quantos olhos se come o sol
e em quantos pães se mata um sonho?
E se uma mulher despida é sempre um desejo
mais aperfeiçoado do que todos os milagres
o que significa neste Mundo o miolo
de um pão obsceno às metades
na mesa de seis bocas?
E quanto é certo que um negro
dorme os velhos sonos tão completamente
só imitando outra pessoa a dormir quando já não pode
carregar um saco
ou levar o menino à escola
em quantas partes se divide um riquexó na ilha
em quantas partes se divide uma chávena de chá
em quantos sofás de mandioca se deita a filha mais nova
e em quantas partes se morde um bife de nervo
até ao delírio do osso no espaço tenro
do mundo na lua espetada num tronco
de imbondeiro no jantar engendrado no morto?
E neste poema em quantos trapos
se esconde o rei da fome de cada um
e levanta a cabeça o preciso
verso da fome de cada lei?
(José Craveirinha)
em quantos corações se parte uma terra
em quantos olhos se come o sol
e em quantos pães se mata um sonho?
E se uma mulher despida é sempre um desejo
mais aperfeiçoado do que todos os milagres
o que significa neste Mundo o miolo
de um pão obsceno às metades
na mesa de seis bocas?
E quanto é certo que um negro
dorme os velhos sonos tão completamente
só imitando outra pessoa a dormir quando já não pode
carregar um saco
ou levar o menino à escola
em quantas partes se divide um riquexó na ilha
em quantas partes se divide uma chávena de chá
em quantos sofás de mandioca se deita a filha mais nova
e em quantas partes se morde um bife de nervo
até ao delírio do osso no espaço tenro
do mundo na lua espetada num tronco
de imbondeiro no jantar engendrado no morto?
E neste poema em quantos trapos
se esconde o rei da fome de cada um
e levanta a cabeça o preciso
verso da fome de cada lei?
(José Craveirinha)
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